Susana Vieira abre sua vida em biografia e garante: ‘A vovó tá on’

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Susana Vieira abre sua vida em biografia e garante: ‘A vovó tá on’
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Em parceria com Mauro Alencar, atriz lança ‘Senhora do Meu Destino, A Biografia” Capa do livro Senhora do Meu Destino, A Biografia
Arquivo Pessoal - Susana Vieira
A vida de Susana Vieira sempre um livro aberto. Autêntica, ela nunca deixou de fazer ou falar o que o queria – o que muitas vezes lhe rendeu críticas. Agora, a primeira fase deste texto pode ser lida de maneira literal. Ao lado de Mauro Alencar, a atriz lançou “Senhora do Meu Destino, A Biografia”. E quantas histórias eles nos contam. Susana não esconde nenhum momento, nem mesmo os mais tristes.
O mais difícil de falar, não de lembrar, foi o meu primeiro casamento, porque como ele foi muito frustrado e frustrante, eu achei que eu tinha me esquecido. Na hora de contar, eu lembrei como sofri, como fui desprezada como mulher.”
Nesta entrevista exclusiva ao gshow, ela fala sobre o medo da morte, o julgamento que sofreu da imprensa no seu terceiro casamento e muito mais. Mas não se enganem, Susana é pura luz, e há muita alegria, planos e vontade de viver também. Tanta vontade que, depois de sua última participação em novelas, como a Cândida de Terra e Paixão, em que morrei ainda nos primeiros capítulos, ele decidiu:
Então é o seguinte, eu não quero mais fazer novela que eu morro, não. É muito chato.”
Quem é a Susana Vieira agora, depois a autobiografia?
Bom, eu continuo a mesma, porque a biografia já está na minha vida há muitos meses, muitos dias, muitos anos. Estou trabalhando nela há bastante tempo, revisando, chegando mais coisas e encontrando mais documentos e fotos, enfim. Eu acho que no momento em que ela vai para a livraria e se torna pública, aí é que eu posso falar quem eu vou me tornar depois da biografia. Mas eu não vou me tornar nada, eu vou continuar sendo a Susana, porque na verdade, eu fiz esse livro com o maior amor, com a maior dedicação, junto com o Mauro Alencar e não há nada assim que vai me modificar. O sucesso não vai me subir à cabeça como escritora, mas se ele me subir à cabeça vai ser ótimo, que eu vou passar a escrever, talvez crônicas, talvez contos, se for um sucesso grande de vendas. Pode ser que eu me torne uma escritora também.
Qual o momento mais doloroso de relembrar no livro?
O mais difícil de falar, não de lembrar, foi o meu primeiro casamento, porque como ele foi muito frustrado e frustrante, eu achei que eu tinha me esquecido. Na hora de contar, eu lembrei como sofri, como fui desprezada como mulher. Eu era uma garota, casei aos 19 anos e tive filho com 20. Esse primeiro casamento me deixou muitas decepções, nem digo marcas. Mas eu as transformei logo e não fiquei com nenhuma antipatia de homem ou achando que todos os homens eram iguais.
Mas, sem dúvidas, lembrar o meu primeiro casamento e a separação, foi uma parte muito difícil, porque eu não acreditava que eu tinha passado por tudo aquilo. Como é que eu fui capaz. Mas é aquilo, a vida vai nos ensinando no dia a dia. Não adianta, você com 20 anos não terá a sabedoria de uma mulher com 40. E com 80 então, aí que a gente acha que sabe tudo, mas ainda falta um pouquinho.
Susana Vieira brilhando no carnaval do Rio
Arquivo Pessoal - Susana Vieira
No livro, você fala sobre seu primeiro marido, diretor de TV Régis Cardoso, que a dirigiu em grandes sucessos. Como era esta relação ex-marido/diretor?
No livro, eu conto em detalhes como foi o meu casamento, o durante e o após como pessoa/esposa e nossa vivência "marido e mulher", mas, na televisão, eu comento que foi uma relação, nos primeiros meses, um pouco insegura e "pisando em ovos", porque não foi uma separação muito agradável. Naquela época, a gente não costumava ter abertura para conversar, "marido e mulher", no caso, ou ter essa sabedoria que tenho hoje e que as pessoas têm de saber que realmente tudo tem que ser conversado, combinado, que tudo que é esclarecido fica mais fácil. Eu era muito jovem.
Mas, de todo o trabalho que nós fizemos juntos, depois de separados, nós dois nos saímos muito bem, porque fizemos várias novelas. Claro que ainda existiam sentimentos conflitantes da separação, como raiva que é bem normal, mas sabíamos separar as situações e nunca houve nenhum atrito, nós nos portávamos muito bem durante todo o tempo em que ele esteve me dirigindo e eu convivendo com ele.
Você também relembra a novela Escalada, em que estava recém separada, e gravou uma cena em que seu marido pede a separação. Você lembra como foi gravar esta cena?
Durante a novela saiu a lei do divórcio até. E sim, foi difícil de gravar. Mas essa foi uma cena que eu não tive na vida real, que foi essa coisa toda da separação em que ele saía de casa e dizia que amava outra mulher e que então queria me deixar e eu ficava desesperada dentro de um quarto, chorava muito. Isso, na cena original, seria assim. Na verdade, eu estava passando por aquele momento (de divórcio), só que eu não tinha me separado com briga: ele tinha saído de casa num dia que eu estava trabalhando e eu não o vi sair, eu não estava em casa e ele não voltou para pegar as coisas, já saiu levando tudo. Então, eu não me lembro de ter tido essa discussão. Nem antes, nem durante e, muito menos, depois.
Mas, foi difícil de gravar, porque era uma cena de muita agressividade, minha e do Tarcísio (Meira), e eu nunca tinha feito uma cena dessas com ele. Até aquele momento, o casamento dos nossos personagens na novela era ótimo e a nossa relação fora das telas era sensacional, éramos todos amigos de São Paulo, morávamos no mesmo bairro, no Brooklyn Paulista. Mesmo sendo difícil, pois não consegui fazer na vida real, essa separação que a gente briga, chora, mas fala tudo o que precisa ser dito, eu criei para a minha personagem e ficou muito dramática e comovente.
No livro, você diz que o seu segundo marido foi seu grande e que até hoje são grandes amigos, algo que não é tão comum. Como foi esta passagem do amor romântico para o, digamos, fraternal?
O Carson (Gardeazabal) foi e é meu grande amigo, se eu precisar dele para qualquer coisa, eu posso contar com ele hoje. E essa transição foi facílima. A gente ficou separado e ficou sem se ver e conviver durante uns, talvez, cinco anos. Esses cinco anos amainaram um pouco o meu coração. O coração dele foi sempre mais amainado. Ele sempre teve muito mais paciência comigo do que eu com ele. Depois de cinco anos, ele se casou novamente, teve uma filhinha e me convidou para ser madrinha da filha dele. Me apresentou para a sua nova esposa. E nós todos formamos uma família.
Eu fiquei muito amiga dela (Fátima), eu sou madrinha da filha deles, a Bebel, e ele sempre quis muito ter filhos, o que não conseguiu enquanto estivemos juntos. E foi assim que a gente criou esse vínculo de amizade diferente do amor carnal. Não houve mágoa, a gente se separou gostando muito um do outro, mas foi o melhor que fizemos naquela época. E esses cinco anos de distância fizeram com que ele casasse novamente, tivesse uma filhinha e me desse ela para eu ser madrinha. Então foi ótimo para nós no longo prazo. Eles sempre aparecem, estão preocupados comigo, somos amigos/família mesmo de passar até o Natal todos juntos. Mas é aquilo, precisamos de anos depois da separação, demos um gelo, uma afastada, pois não dá para "sair marido e entrar amigo" de uma hora para outra, pelo menos, não para mim.
Maria do Carmo, de Senhora do Destino, é a sua grande personagem. Assim como a Marina, de a Sucessor. Mas não podemos deixar de falar de Branca Letícia de Barros Mota, que até rende memes e é adorada. O que a Branca representou para você?
Eu tenho que agradecer ao Manuel Carlos os meus memes, porque ele fez o personagem imbatível. Não tem um ser humano na face da Terra, principalmente os gays, que não saibam de cor uma palavra da Branca Letícia de Barros Mota. Então eu acho que depois que o Manuel Carlos me brindou com esse personagem brilhante, eu comecei a criar em cima dele, porque é lógico que ele também é debochado, ele é irônico. Então é isso, eu aprendi tudo isso um pouquinho com Miguel Falabella e um pouquinho com o Manuel Carlos. Eu acho adorável, eu estou na moda, "vovó tá on".
Susana Vieira como Maria do Carmo na novela Senhora do Destino ao lado de Carolina Dieckmann
Arquivo Pesso - Susana Vieira
E como Branca Letícia, de Por Amor
Globo
Você passou por um momento delicado, foi exposta e julgada pela imprensa, quando era a vítima. Como é a sua relação com a imprensa hoje?
Eu já fui julgada por tudo que eu podia ter sido julgada, a imprensa já disse tudo que queria a meu respeito, então não vai ter nenhuma novidade nessa biografia. Para mim, a história é bonita, foi vivida, fui alegre, fui feliz, fui convencedora, cheguei no topo e estou com saúde para continuar, então não tenho mais medo do que podem falar, esse medo passou. Claro que sempre existe alguma gracinha, alguma pessoa bem engraçada que diz assim no Instagram ou em outras mídias "e essa velha ainda está viva?" Quer dizer, primeiro eu era "velha", depois eu era "velha que gostava de garoto", aí eu virei "a velha que não me enxergava", agora a última é "essa velha ainda está viva?". É por aí, mais ou menos.
Você também conta que pensa em ser uma avó mais presente na vida dos netos, quem sabe morar nos Estados Unidos. Nós, seus fãs, já podemos começar a lamentar?
Então, existe o mito de que, assim que sua filha casa ou seu filho casa, você passa a ser avó e você passa a fazer parte desse núcleo familiar. Aí passa a ser pai, mãe, filhos e avós, sempre por perto, ou nas datas de festivas ou nas escolas, ou fazendo companhia, ou tomando conta dos filhos enquanto os pais trabalham, fazendo parte da educação das crianças, ou seja, esse tipo de avó comum que a gente vê nos filmes e comum que a gente vê na vida, não foi o que eu fiz na minha vida. Então, quando eu falo isso de ser mais presente é que eu gostaria de ter tido essa experiência. Teria sido outra pessoa, porque dentro da minha vida, Susana Vieira, o que eu pude oferecer a eles como avó foi colaborar no pagamento da educação nas melhores faculdades lá de Miami, passar todos os meus valores morais e tudo que eu já tinha passado ao filho e proporcionar a eles viagens boas, que é a minha alegria. Nós ficamos juntos o tempo que podemos, nas férias deles ou nas minhas, uma vez por ano.
Talvez eu tenha estado com eles muito menos tempo do que eu gostaria, eu não participei do crescimento deles, do dia a dia, eu não tomei conta de neto enquanto meu filho com a minha nora iam ao cinema, etc. Então, esse tipo de avó, um pouco de novela, ou um pouco dos livros, que ela fica sentada numa cadeira de balanço, fazendo um crochê e o neto vai lá e pede um bolo, eu não fui essa avó, esse papel de avó eu não fiz, e nem na televisão Mas, mesmo assim, o meu neto Rafa, que é o mais velho, me liga todo dia. E o outro meu neto, que é o mais novo, o Bruno, me chama de Suzy. Tenho com os dois uma relação bem próxima, mesmo que distantes. É só de coração e pensamento.
Em Terra e Paixão, a Cândida era muito querida e a gente não queria que ela morresse. Tanto que teve até movimento na internet para ela voltar. Você fala no livro que não foi uma morte que você gostou. Poderia falar como foi este dia de gravação?
A Cândida foi um personagem que eu demorei um pouco a aceitar dentro de mim, de certa forma, afinal, "como é que eu ia fazer uma mulher que não tinha minha idade e que ia morrer?". Eu estava no auge dos meus 80 anos, superfeliz, superbonita, sabe, estava supertudo.
Mas eu me entreguei nos braços da maquiagem, da caracterização e da Paula (Carneiro), que era minha figurinista. Eu falei a ela "você vai fazer essa mulher para mim, eu não sei como fazer essa mulher mais envelhecida e que morre, já que eu não sei nem ficar velha e nem morrer", apesar de já devia estar com meus 79 anos, quando eu aceitei esse papel.
E aí aconteceu uma mágica, porque realmente tudo colaborou. A primeira cena foi uma externa lá longe, num lugar escuro, onde a personagem da Barbara (Reis) chegava com aquele menino, se escondendo na minha casa. Fomos muito felizes naquela cena. Em seguida, eu me mudei para o meu quarto, o quarto de Cândida, que era lá no bordel, e eu fui muito feliz naquele núcleo. Aquele elenco era ótimo, gente nova que estava chegando na televisão, pessoas que eram minhas fãs e a gente brincava e trocava bastante. Eu só tive dificuldade de morrer, para ser sincera. O público não queria, eu não queria, mas para o andamento da novela precisava acontecer, então não havia como desfazer esse nó. Mas eu ainda fiquei achando que a Cândida poderia ter tido uma vida longuíssima naquela novela e que seria bem interessante. Então é o seguinte, eu não quero mais fazer novela que eu morro não. É muito chato. (risos)
Reveja a primeira cena de Susana Vieira em Terra e Paixão:
Caio ajuda Aline a fugir e ela acusa seu pai de ser o mandante do crime
Reveja: Cândida morre após conversar com Antônio e defender Caio
Cândida morre após conversar com Antônio e defender Caio
Você passou por um momento complicado de saúde tem uma leucemia crônica. Como isso afeta sua vida e como lida com isso?
Eu tenho medo da morte porque eu adoro a vida e acho que isso é um clássico. O ser humano, no geral, tem vários medos. Só que a idade te traz uma coisa que se chama "mais perto do fim", então quando você está com medo de alguma coisa com uma idade mais avançada, seria a morte. Eu tenho medo de não fazer tudo que eu quero ainda, e tenho medo de deixar as coisas inacabadas, de não conhecer todo mundo que eu queria, de não visitar os países que eu gostaria, eu quero ainda rir muito, ser muito feliz, ainda gostaria de fazer uma peça de Shakespeare. Então, é isso, sempre tive medo da morte, ainda mais com essa doença, porque sim, sempre odiei a ideia de morrer. Porque eu estou sendo muito feliz durante a vida, então qualquer coisa que me traz alguma mudança, logo me faz dizer, "meu Deus do céu, é muito cedo, é muito cedo", e eu com 81 anos continuo achando que é muito cedo ainda.
Quem é a Susana hoje? E o que ela diria para Sônia de anos atrás?
Sinceramente, eu continuo achando que eu sou a mesma pessoa. Eu realmente não tive grandes mudanças, fiquei um pouco mais tranquila, um pouco menos ansiosa, só que ao mesmo tempo ainda nervosa na hora de estrear. Admito que na hora de entrar num teatro, continuo estressada, continuo insegura de que não vai lotar ou por algum erro. Sigo insegura ao lançar uma biografia, de saber se eles vão gostar, se escrevi certinho, etc.
Mas eu acho que eu sou igual, eu continuo alegre, continuo comovida com as coisas que me comovem, continuo me revoltando com as coisas que me revoltam, continuo também achando absurdas as injustiças. Eu não me sinto diferente, não. Acho só que estou muito feliz de ter conseguido tantas vitórias e histórias em uma vida, e tanta gente não tem a mesma oportunidade, infelizmente. Eu acho que eu tive muitas oportunidades, soube aproveitá-las e soube falar sim para todos os trabalhos que me ofereceram, até para patinar no gelo. Eu fui uma mulher que me atirei, fiz o que quis, amei quem eu quis, quem não me quis, ótimo, saiu de perto (risos).
O que eu diria pra Soninha de anos atrás? Na verdade, o que ela diria para mim, né? "E aí, vovó, você tá on, né?" (risos).
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